A capital baiana recebeu, nesta segunda-feira (4), a abertura do Seminário Internacional sobre Cultura e Mudança do Clima, realizada no Centro de Convenções de Salvador. O evento tem como foco explorar o papel das artes e tradições no debate sobre sustentabilidade ambiental. O evento contou com a presença do governador Jerônimo Rodrigues e das ministras Margareth Menezes (Cultura) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas), destacando a importância da cultura nas ações globais para um futuro sustentável.
O seminário segue até terça-feira (5), com programação gratuita, incluindo 11 painéis onde especialistas discutirão responsabilidade ambiental nos setores culturais, justiça climática nas artes e mobilização social para um futuro sustentável. As inscrições estão disponíveis na plataforma Sympla, com vagas limitadas. Após os painéis, nos dias 6 e 7 de novembro, haverá oficinas no Museu de Arte da Bahia (MAB), com seis atividades práticas sobre redução de carbono, comunicação popular e resiliência do patrimônio cultural, visando capacitar as instituições a reduzir sua pegada de carbono e contribuir para a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C.
A ministra Margareth Menezes enfatizou a cultura como motor de transformação social. “A arte tem o poder de tocar a alma das pessoas e de inspirar mudanças. Neste seminário, queremos explorar como as expressões culturais podem não apenas sensibilizar, mas também mobilizar a sociedade em torno da causa climática. É crucial que as vozes da cultura se unam para promover uma conscientização mais profunda sobre a crise ambiental que enfrentamos”, declarou.
Durante a cerimônia de abertura, o governador Jerônimo Rodrigues ressaltou a importância de receber o G20 na Bahia e a oportunidade de discutir os dois temas em conjunto.
“Hoje, Salvador e a Bahia assumem o papel de sede nacional e mundial do G20, acolhendo um seminário que promove um debate profundo e necessário sobre cultura e meio ambiente. O evento propõe uma abordagem corajosa ao unir esses temas, geralmente discutidos de forma separada, para explorar seu potencial transformador frente aos desafios globais. O encontro busca expor, de maneira direta, os desafios ambientais que precisam ser enfrentados e destaca a importância de mobilizar esforços conjuntos entre líderes e setores culturais para impulsionar ações climáticas e conscientização ambiental”, disse.
Diálogo
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, participou da cerimônia por videoconferência e destacou a importância de um diálogo inclusivo e colaborativo. “Os 20 países mais ricos do mundo são responsáveis por 80% das emissões de CO2 e concentram 80% dos recursos financeiros e tecnológicos. Esses países têm a capacidade de contribuir para o enfrentamento da tríplice crise global: social, climática e ambiental, esta última marcada pela extinção ou ameaça de extinção de milhares de espécies”, comentou.
Já a ministra Sonia Guajajara trouxe à tona a importância das cosmovisões indígenas na luta contra a mudança climática. “Os povos indígenas representam apenas 5% da população mundial, mas protegem 82% da biodiversidade global e atuam como guardiões dos ecossistemas, essenciais para o equilíbrio climático. Combater a crise climática requer proteger os direitos dos povos indígenas, garantir a demarcação de seus territórios e respeitar suas culturas, crenças e tradições, reconhecendo sua importância para a humanidade”.
O seminário é realizado pelo Ministério da Cultura, em parceria com a UNESCO e a Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI), contando ainda com o apoio do Governo da Bahia, da Prefeitura de Salvador e do patrocínio do YouTube. A programação inclui painéis como “Crise climática, uma crise de imaginação” e “COP: Colocando a cultura no centro da ação climática”, além da participação de universidades como a UFRB e a UFBA.
Reunião Técnica do G20 Cultura
Em paralelo ao seminário, Salvador recebe a 4ª Reunião Técnica do Grupo de Trabalho de Cultura e a Reunião de Ministros de Cultura do G20, de 4 a 8 de novembro, com o apoio do Governo da Bahia. O encontro reunirá mais de 120 autoridades de diversos países, incluindo ministros e vice-ministros da Cultura de nações como Espanha, Alemanha, Índia, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes, Indonésia e Japão, além de representantes de mais de 20 organizações internacionais.
Esses líderes discutirão quatro eixos temáticos fundamentais para o desenvolvimento cultural sustentável e inclusivo: diversidade cultural e inclusão social; direitos autorais no ambiente digital; economia criativa; e preservação do patrimônio cultural. A programação do G20 incluirá atividades voltadas à promoção da cultura baiana, como o estande Casa da Bahia, concertos sinfônicos e exposições.
Durante o G20 Cultura, o Governo da Bahia promoverá diversas atividades culturais e exposições, incluindo a Casa Bahia com produtos de 14 Centros Públicos de Economia Solidária e do Programa Artesanato da Bahia. A programação contará com a Exposição Frans Krajceberg, celebrando o trabalho do artista e ativista ambiental, e a Exposição Dona Fulô e Outras Joias Negras no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC).
De 2 a 7 de novembro, o aeroporto de Salvador contará com apresentações de orquestras de berimbaus e grupos percussivos para recepcionar os participantes do evento. O encerramento do G20 Cultura ocorrerá na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, no dia 8 de novembro, às 19h, com o concerto “Sinfonia Terra Brasilis” da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), celebrando a diversidade das expressões artísticas brasileiras.
Repórter: Tácio Santos/GOVBA
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