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Comerciantes do Galpão de Cereais mantêm a tradição do caderninho com a antiga freguesia

 

Moradores da zona rural são consumidores assíduos do local

As imagens de Santa Bárbara e São Gerônimo em um pequeno altar dão as boas-vindas a quem chega no Galpão de Cereais, instalado no Centro de Abastecimento. Os fardos de farinha, feijão, milho e açúcar, expostos em sacos de rafia, são vendidos a granel em praticamente todos os boxes. Nestes espaços, o freguês também encontra da carne de sertão, a embutidos e produtos de higiene pessoal e limpeza. E por falar na clientela, boa parte dela vem da zona rural.

O comerciante Daniel Lima, 78, mais conhecido como Dié, atua no local há 46 anos. É um dos mais antigos: foi transferido do Mercado de Arte para o Centro de Abastecimento em 1976.  No Box 2 Irmãos, um de esquina, a carne de sertão, a farinha e o feijão estão entre os principais produtos vendidos por ele.

Dié diz que a quantidade de freguês não é como antigamente. Acredita que outros preferem a facilidade das compras em mercados mais próximos à residência. Alguns deles já partiram. Ainda assim, tem uma clientela cativa.

“O comércio caiu um pouco, mas a gente vai vencendo as dificuldades”, conta. Às 5h30 ele já está com o box aberto e só fecha às 16h, uma rotina que mantém de segunda à sexta. Aos sábados encerra as atividades um pouquinho mais cedo. “Meus três filhos foram criados com o suor desse trabalho”.

Morador de Bonfim de Feira, o agricultor Abílio Januário Bispo, 81, tem no Galpão de Cereais o local certo para as compras de alimentos. Com traje característico do homem que vive no campo, um chapéu e paletó à moda antiga, vai sempre às segundas-feiras no equipamento municipal com seu bocapiu a tiracolo. "Passei no banco pra pegar a aposentadoria e vim pra cá", disse.

TRADIÇÃO DO CADERNINHO

O caderninho de anotações para contabilizar as vendas no "fiado" é ainda o recurso utilizado por José Leônidas Marques para manter sua freguesia. Também está no Galpão de Cereais há quatro décadas. "Aqui conseguimos manter os clientes no esquema do caderninho. Paga uma compra e leva a outra", explica folheando o caderno com as anotações.

A comerciante Joana Angélica de Santana, 66, herdou do sogro a Mercearia Ramos, no box 20. No local vende de produto de limpeza a alimentos. Colônias de alfazema, lâminas de barbear, velas, doces e repelentes – comercialmente conhecido como naftalina. "Há de tudo um pouco", informa. No estabelecimento o "caderninho" também divide espaço com o cartão de crédito para as vendas no "fiado".

"Temos muitos clientes aposentados e da zona rural de Feira, como de Santa Rosa, Tanquinho de Humildes, Jaguara. São pessoas de confiança e queridas".

No Galpão de Cereais do Centro de Abastecimento tem 48 boxes no total, além de mais 55 espaços ocupados na área interna. Nele também há lanchonetes, restaurantes, farmácia e caixa eletrônico.

O entreposto comercial é administrado pela Prefeitura de Feira de Santana por meio da Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos (Seagri).

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